Clara Corrêa
Quando o sofrimento se repete: o que os padrões psíquicos revelam sobre nós
Publicado em 15/05/2025, por Clara Corrêa.
É comum, na escuta clínica, que as pessoas relatem situações que parecem se repetir ao longo da vida: relacionamentos que seguem o mesmo roteiro, decisões que culminam em frustrações parecidas, sintomas que retornam — às vezes com nova forma, mas com a mesma força.
Esses padrões, que à primeira vista podem parecer simples coincidências, ganham outra leitura à luz da psicanálise. Entendemos que, muitas vezes, o sujeito repete, de maneira inconsciente, experiências que marcam sua história. É como se, ao repetir, ele tentasse elaborar algo que permaneceu mal resolvido, não simbolizado, ainda sem palavras.
Como nos lembra Jacques Lacan, importante nome da psicanálise: “a repetição é a insistência do significante”. Isso significa que o que se repete tem um sentido — ainda que desconhecido pelo próprio sujeito. São marcas que retornam, pedindo passagem para serem escutadas, compreendidas e, quem sabe, ressignificadas.
Nesse sentido, repetir pode ser uma forma de dizer aquilo que ainda não pôde ser dito. E é justamente aí que a psicanálise encontra seu papel fundamental: ao invés de tentar suprimir o sintoma ou apressar respostas, a escuta psicanalítica convida o sujeito a se implicar na própria história. A análise oferece um espaço onde essas repetições podem ser investigadas, permitindo que novos sentidos sejam construídos.
Ao longo da minha prática clínica, observo que, quando o sujeito se permite esse mergulho em si mesmo — com tempo, escuta e compromisso —, as repetições deixam de ser apenas fonte de sofrimento e passam a se tornar caminhos possíveis de transformação.
Perceber que certos padrões se repetem pode ser o primeiro passo para compreendê-los. E essa jornada, embora desafiadora, pode ser profundamente libertadora.
Se você tem interesse em reconhecer os seus padrões, entra em contato!! (31)985802737
